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7 Cafés Históricos e as Histórias que Eles Revelam

Turistando

Alguns lugares guardam mais do que beleza ou bons sabores: eles carregam memórias, revoluções silenciosas e ideias que moldaram épocas. Entre esses espaços encantadores e cheios de significado estão os cafés históricos, locais onde o simples ato de tomar um café se transformava em uma experiência cultural e, muitas vezes, política.

De Paris a Buenos Aires, passando por Praga e Veneza, esses cafés foram verdadeiros palcos de efervescência criativa. Escritores rascunhavam capítulos de obras-primas em guardanapos. Filósofos discutiam o rumo do mundo enquanto sorviam expressos. Pintores e músicos dividiam mesas, olhares e inspirações. Neste artigo, convidamos você a embarcar em uma viagem por 7 cafés históricos que continuam ecoando os passos de gênios da humanidade.

1. Café de Flore – Paris, França

No coração do bairro de Saint-Germain-des-Prés, o Café de Flore é muito mais do que um ponto turístico: é um verdadeiro ícone da cultura parisiense. Fundado no final do século XIX, ele testemunhou o florescimento de ideias que mudaram a maneira como enxergamos o mundo.

Durante a década de 1940, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir fizeram do Flore sua segunda casa. Sentavam-se sempre na mesma mesa, pediam os mesmos cafés e debatiam, por horas, questões sobre liberdade, existência e política. Foi ali que o existencialismo ganhou corpo e voz. O ambiente ainda conserva o ar nostálgico com suas cadeiras vermelhas, paredes espelhadas e garçons vestidos à moda antiga.

Além de intelectuais, o café também atraía artistas como Pablo Picasso, que buscava nas conversas regadas a vinho a inspiração para suas obras vanguardistas.

Experiência para o visitante: sentar-se no andar superior, pedir um café crème e observar a movimentação parisiense é uma forma de mergulhar na atmosfera de um tempo onde as palavras tinham o poder de transformar o mundo.

2. Caffè Florian – Veneza, Itália

Localizado sob as arcadas da Piazza San Marco, em Veneza, o Caffè Florian é considerado o café mais antigo da Itália em funcionamento, fundado em 1720. Desde então, recebeu uma impressionante lista de visitantes ilustres como Casanova, Goethe, Charles Dickens, Proust e Lord Byron.

Os salões do Florian são verdadeiras obras de arte. Decorados com afrescos, mármores e espelhos dourados, os ambientes parecem suspensos no tempo. Nos séculos XVIII e XIX, o café era um ponto de encontro da elite artística e literária europeia.

Durante períodos de turbulência política, o Florian se tornou um símbolo da resistência cultural italiana. Em tempos de censura, a arte e as conversas que ali floresciam eram gestos silenciosos de liberdade.

Dica para viajantes: peça o tradicional espresso italiano e aprecie o som de um quarteto de cordas tocando ao vivo na praça — um luxo que une paladar, história e beleza em uma só experiência.

3. Café Central – Viena, Áustria

O Café Central, fundado em 1876, é um dos mais emblemáticos da chamada Era de Ouro da Viena cultural. Foi frequentado por nomes que mudaram os rumos do século XX, como Sigmund Freud, Leon Trotsky, Arthur Schnitzler, Adolf Loos, Alfred Polgar e Stefan Zweig.

Conhecido como o “salão da mente”, o Café Central não era apenas um local para café e doces vienenses: era um centro informal de debates filosóficos, psicanalíticos e políticos. Trotsky, por exemplo, costumava jogar xadrez por horas enquanto esboçava ideias revolucionárias. Freud, por sua vez, observava discretamente o comportamento das pessoas ao seu redor — um prenúncio de sua futura teoria do inconsciente.

O ambiente interior impressiona com colunas neoclássicas, lustres dourados e bolos servidos com perfeição. Até hoje, escritores e intelectuais modernos encontram ali um lugar para pensar, criar e se conectar com o passado.

Experiência recomendada: prove o tradicional sachertorte com chantilly e um melange (café típico austríaco), e sinta-se parte do cenário da Belle Époque vienense.

4. Les Deux Magots – Paris, França

Se o Café de Flore era o berço do existencialismo, Les Deux Magots foi o cenário onde o surrealismo e a literatura moderna floresceram. Fundado em 1885, recebeu artistas e pensadores que deixaram marcas profundas na cultura ocidental, como Ernest Hemingway, André Breton, Paul Verlaine, James Joyce, Bertolt Brecht e Simone de Beauvoir.

O nome curioso do café vem das estátuas de dois magos chineses que adornam seu interior desde o século XIX. Ao longo dos anos, Les Deux Magots manteve sua atmosfera refinada, com garçons elegantes e o charme do Boulevard Saint-Germain.

Durante o pós-guerra, o café era considerado um laboratório de ideias. Manifestos, livros e peças teatrais nasceram ali, entre taças de vinho, cigarros e cafés fumegantes.

O que fazer por lá: caminhe pelo bairro antes de visitar o café, absorva a atmosfera artística da região e depois, sentando-se na varanda, peça uma taça de vinho branco ou um chocolat chaud — uma homenagem à boemia literária parisiense.

5. Café A Brasileira – Lisboa, Portugal

Com suas fachadas de art nouveau e interiores ricamente decorados, o Café A Brasileira, fundado em 1905, é um ícone da cultura lisboeta. Localizado no bairro do Chiado, foi o ponto de encontro de escritores, pintores e pensadores portugueses, especialmente durante o movimento modernista.

Entre seus frequentadores mais célebres estava Fernando Pessoa, considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa. Tão marcante foi sua presença ali que hoje existe uma estátua de bronze do poeta, eternamente sentado à mesa, convidando os visitantes a fazerem uma pausa ao seu lado.

A Brasileira foi, por décadas, palco de debates sobre a identidade de Portugal, a literatura de vanguarda e os rumos da política europeia. Mais do que um café, é um símbolo da alma lisboeta.

Sugestão imperdível: peça um café tradicional acompanhado de um pastel de nata e aproveite para escrever suas impressões em um caderno, como faziam os antigos intelectuais.

6. Café Tortoni – Buenos Aires, Argentina

Elegante, com ares de Paris na América do Sul, o Café Tortoni, fundado em 1858, é um monumento à boemia argentina. Com lustres de cristal, cortinas pesadas e móveis de madeira nobre, ele guarda memórias de Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Carlos Gardel e outros ícones culturais do país.

O Tortoni foi berço de clubes literários, saraus de poesia, concertos de tango e reuniões filosóficas. Sua agenda cultural segue ativa, oferecendo noites de jazz, debates e exposições.

Na década de 1920, o local foi considerado o centro da intelectualidade portenha. Borges, por exemplo, usava o café como espaço de escrita e reflexão.

Dica para visitantes: reserve uma noite para assistir a uma apresentação de tango e experimentar o tradicional submarino (leite quente com chocolate amargo mergulhado na hora).

7. Café Slavia – Praga, República Tcheca

Às margens do rio Vltava, com vista para o Castelo de Praga, o Café Slavia é um ícone da resistência cultural da antiga Tchecoslováquia. Durante o período comunista, era frequentado por dissidentes políticos, artistas e escritores que buscavam manter viva a liberdade de pensamento.

Entre seus frequentadores estavam Václav Havel (dramaturgo e futuro presidente), Milan Kundera e músicos clássicos como Smetana e Dvořák. O ambiente discreto, com painéis escuros e piano ao fundo, criava o cenário ideal para longas conversas sobre literatura, arte e o futuro do país.

Hoje, o Café Slavia mantém seu legado, atraindo visitantes que desejam respirar o ar de uma Praga intelectual e contemplativa.

Experiência ideal: peça um strudel com chantilly e sente-se junto à janela panorâmica, permitindo que a cidade antiga revele suas camadas de história diante de seus olhos.

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Considerações Finais – Cafés Históricos

Esses cafés históricos não são apenas lugares bonitos para visitar. São testemunhas silenciosas de épocas revolucionárias, de encontros improváveis e da genialidade humana. Cada mesa, cada cadeira, cada detalhe do ambiente guarda ecos de conversas que mudaram o curso da arte, da literatura e até da política.

Ao visitá-los, não apenas nos conectamos com o passado, mas também nos inspiramos a viver o presente com mais sensibilidade, profundidade e curiosidade. Afinal, quem sabe quais ideias podem nascer de uma simples xícara de café?

Se este conteúdo foi útil para você, não pare por aqui! Veja também 9 Museus Diferentões ao Redor do Mundo que Vão Surpreender Você e continue sua jornada de conhecimento.

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